Dissent status from the edge

At a time marked by technological progress, nature has ceased to represent the stage of existential doubt to become a “Dissent Status” in disruption with human activity.

In ancient cultures the elements of nature had a cosmic dimension and symbolized the way creative forces shaped the world, this intuitive understanding applied directly to everyday life and was a reflection of the balance between the visible and the occult. This reading of proximity to the natural state allowed for a holistic understanding by exploring deep states of consciousness that, through rituals and magic formulas, bridged the invisible forces that dominated the fate of men.At a time marked by technological progress, nature has ceased to represent the stage of existential doubt to become a “Dessent Status” in disruption with human activity. The practical perspective overlapped the cosmological view and systematic analysis obscured a holistic approach to the world. In this context the landscape theme gains new contours since, like the pendulum of a large clock, it swings back and forth trying to reconcile elements that seem irreducible. The need to observe and understand reality while preserving its essence clashes with the scientific methods of dissecting and dividing it in order to better understand.The concept inherent in the construction of the work consists in the idea that nature only maintains the original essence when it remains untouched. The world is definitely hidden from our eyes because when we look at it we are already forming another reality different from the original state. From this perspective, all works start from the concept that any representation of nature is an integrated view that agregates fragments of limitless perception that expands in multiple directions that can refer to geography, the impact of the human footprint or the situation of the observer in a civilizational collapse. Wanting to represent both the visible and the invisible requires a process of simplification that consists in accepting that a small part may contain comprehensive information about the whole. Therefore the natural and random selection that the senses perform is assumed to be a possibility of reconstructing a combined state rather than a description of what is supposed to be there. The uncertainty of creation overlaps with the certainty of dogma by opening perspectives on the way of seeing and thinking beyond reason and functional Cartesianism that aims to solve everything but has been ineffective in finding a global balance.

The theme was born with the awareness that all works have a central core that underlies the projects of a lifetime. Perhaps the best way to realize this is to think that each person has their own way of interacting with the world, this style is not a frontier of how to do things, it is the mark of distinction of the subject and represents its essence. Seen in this way style is neither a mannerism nor an execution frame, it is legitimate to see it as a natural breath that brings to the surface the internalized layers of world experimentation.

When the work flows without restrictions or prejudice and is not intended to enter into classifications of form or style, we can say that the conditions are met to clarify which long-term course was chosen and from there define stages of progression.

The "Dissent Status From the Edge" theme is one of these steps. It is based on the way of perceiving the landscape in a culturalist perspective where the state of the observer determines the quality of what he sees. The image presented is a "super reality" that adds the state of the natural world (landscape) with the cultural and historical fabric associated with the act of seeing. Thus, we can say that this project addresses the theme of landscape in a two-way relationship between the observer and world and from which results a transformation in both directions.

The cleavage that the title suggests introduces in the project a state of divergence with the behavioral imbalance in relation to nature and the environment. The negative impact of the human footprint on the planet is the founding concept of this idea and implies a new sensitivity and awareness about the state of the world and how we can act on it.

An artistic project does not need to be pamphleteering to play an intervening role, it does not create a primer of behavioral principles, its substance is divergence itself as a principle for questioning the status quo, and it implies an uncompromising rooting in relation to contemporary culture.

The geography that inspires the themes is the means of deepening the state of consciousness and is usually a place where the impact of the landscape can be felt without civilizational interference. The concept is to focus attention and sensitivity on the natural state as a source of knowledge and the basis of an aesthetic learning that translates into images and ideas.

The dissonance with the current context of culture is also a motivation to stop the excess information rampant. Being subjected to such a dose of stimuli can block the ability to think clearly and results in an obvious difficulty in processing the constant chain of events that follow without proper and thorough evaluation. The barrier is not a censure but rather a selective dam that is only permeable to what is needed and adapts at any moment to what is unmistakably the natural expression of the individual. For a while, the softening of this background noise is assumed to be a tool because only in this way is it possible to hear the natural pulse of the world that is the plastic material of the project.

Portuguese version

Nas culturas ancestrais os elementos da natureza tinham uma dimensão cósmica e simbolizavam a forma como as forças criadoras moldavam o mundo, esse entendimento intuitivo aplicava-se de forma direta no quotidiano e era reflexo do equilíbrio entre o visível e o oculto. Essa leitura de proximidade com o estado natural permitia uma compreensão holística explorando estados de consciência profundos que, através de rituais e formulas mágicas, estabeleciam pontes com as forças invisíveis, que dominavam o destino dos homens.

Numa época marcada pelo progresso tecnológico, a natureza deixou de representar o palco das dúvidas existenciais para se tornar num “Dessent Status” em estado rutura com a atividade humana . A visão prática sobrepôs-se à visão cosmológica e a análise sistemática obscureceu uma abordagem holística do mundo. Neste contexto o tema da paisagem ganha novos contornos já que, tal como o pêndulo de um grande relógio, balança de um lado para o outro tentando conciliar elementos que parecem irredutíveis. A necessidade de observar e entender a realidade preservando a sua essência colide com os métodos científicos de dissecar e dividir em partes para melhor a poder compreender.

O conceito inerente à construção da obra consiste na ideia de que a natureza só mantém a essência original quando permanece intocada. O mundo, tal como ele é, está definitivamente oculto aos nossos olhos pois quando o observamos já estamos a formar uma realidade diferente do estado original. Nesta perspectiva todas as obras partem do conceito que qualquer representação da natureza é uma visão integrada que agrega em si fragmentos de uma perceção sem limites que se expande em múltiplas direções que tanto se podem referir à geografia como ao impacto da pegada humana ou à condição do observador perante o risco de colapso civilizacional.

Querer representar ao mesmo tempo o visível e o invisível exige um processo de simplificação que consiste em aceitar que uma pequena parte pode conter informação abrangente sobre o todo. Por isso a natural e aleatória seleção que os sentidos executam é assumida como uma possibilidade de reconstrução de um estado combinado e não uma descrição sobre aquilo que se supõe que lá está. A incerteza da criação sobrepõe-se à certeza do dogma abrindo perspetivas na forma de ver e pensar para lá da razão e do cartesianismo funcional que pretende ter solução para tudo mas que se tem mostrado ineficaz para encontrar um ponto de equilíbrio global.

O conceito inerente à construção da obra é que a natureza só mantém a sua essência original quando permanece intocada. O mundo, tal como ele é, está definitivamente oculto aos nossos olhos pois quando o observamos já estamos a criar uma nova realidade. Nesta perspectiva todas as obras partem do conceito que qualquer representação da natureza é uma visão integrada que reúne mais do que simples imagens, agrega em si fragmentos de uma intemporalidade e de uma perceção sem barreiras que tanto se podem referir à geografia como ao impacto da pegada humana ou à condição do observador perante o risco de colapso civilizacional.

O tema nasceu com a consciencialização de que todas as obras têm um núcleo central que fundamenta de forma transversal os projetos de uma vida. Talvez a melhor forma de perceber isto é pensarmos que cada pessoa tem uma maneira própria de interagir com o mundo, esse estilo não é uma fronteira de habilidade de como fazer as coisas, é a marca de distinção do sujeito e representa a sua essência. Visto desta forma o estilo não é um maneirismo nem tão pouco um tique de execução, é legítimo vê-lo como uma natural respiração que traz à superfície as camadas interiorizadas da experimentação do mundo.

Quando a obra flui sem restrições ou preconceitos e não se pretende entrar em classificações de forma ou estilo, podemos dizer que se ficam reunidas as condições para clarificar qual o rumo de longo curso que se escolheu e a partir daí definir etapas de progressão.

O tema "Dessent Status From the Edge" é uma dessas etapas. fundamenta-se na forma de percecionar a paisagem numa perspectiva culturalista onde o estado do observador determina a qualidade do que vê. A imagem apresentada é uma "supra-realidade" que soma o estado do mundo natural (paisagem) com o tecido cultural e histórico associado ao ato de ver., Assim podemos dizer que este projeto aborda o tema da paisagem numa relação biunívoca entre o observador e mundo e da qual resulta uma transformação em ambas as direções.

A clivagem que o título sugere introduz no projeto um estado de divergência com o desequilíbrio comportamental em relação à natureza e ao meio ambiente. o impacto negativo da pegada humana no planeta é o conceito fundador desta ideia e implica uma nova sensibilidade e consciencialização sobre o estado do mundo e a forma como podemos agir nele.

Um projeto artístico não precisa de ser panfletário para ter um papel interventivo, não se cria uma cartilha de princípios comportamentais, a sua substância é a própria divergência como princípio para questionar o status quo e implica um enraizamento descomprometido em relação à cultura contemporânea.

A geografia que inspira os temas é o meio de aprofundamento do estado de consciência e é por norma um local onde o impacto da paisagem se pode sentir sem interferências civilizacionais. O conceito consiste em focar a atenção e a sensibilidade no estado natural como fonte de conhecimento e base de uma aprendizagem estética que se traduza em imagens e ideias.

A dissonância com o enquadramento atual da cultura é também uma motivação para barrar a catadupa de informação em excesso. Estar constantemente exposto a tamanha quantidade de estímulos é paralisante e resulta numa óbvia dificuldade de processar a constante cadeia de acontecimentos que se sucedem sem que deles possamos ter uma avaliação adequada e aprofundada. A barreira não é uma censura mas antes um dique seletivo apenas permeável ao que faz falta e se adequa a cada momento ao que inequivocamente é a expressão natural do indivíduo. Por um tempo, o abrandamento desse ruído de fundo é assumido como uma ferramenta porque só desta forma é possível ouvir o natural pulsar do mundo que é a matéria plástica do projeto